INFERNO from MORT-HALL by haigha
Tracklist
8. | INFERNO | 1:56 |
Lyrics
"Os ais de todos os dias,
os ais de todas as noites.
Ais do fado (...)
ai pobre dele, coitado
que tão cedo se finou! (...)
Ais d'amor (...)"
("Cantiga dos ais" de Armindo Mendes de Carvalho.)
Nunca pedi na rua por não querer nada
Sobrevivo a pão e água (ou pedra e vinho)
Fiquei frito, farto de fardar
Um fado amaldiçoado
A cigana não tem cura que me salve
Nem com santos, nem com saldo,
Nem com canto, nem com palcos,
Nem com carros, nem com papos
Sinto o sorriso rasgar-se
Sem prová-lo, sempre falso, sempre fácil
Passeio pelo calendário e
Planeio a minha lápide, tipo:
- a vida pesa até que aprendas que
o prego no caixão é a única certeza
- tenta manter o karma ileso
- a terra anda às voltas e mais voltas
e o revira da revolta tem a sua beleza
Sempre morei no inferno
É mais frio do que imaginei
Atordoado e incerto
Nasci para ser ninguém
Sempre morei no inferno
É mais frio do que imaginei
Atordoado e incerto
No topo do universo
Enquanto o diabo me zoa
Medito no pico, estou Zen
Roubo a essência à existência
Transcendo a camada ténue
Torno-me noutra pessoa
Desleixo o contexto
E encaixo neste eixo o desfecho da vida
Penejo um texto que
Torna o incerto certo para o sancho
E fecho o portão
(Para partir para a próxima forma)