Nuclearation (2004) by Beneath Paris

Em 2000, no Porto, entre cervejas e melodias distorcidas, surgiu uma banda que jamais seria confundida com algo convencional. Era Beneath Paris, uma entidade musical nascida nas catacumbas da cidade, onde as almas perdidas se reuniam para questionar tudo o que a sociedade lhes impunha – mas, claro, sem nunca perder a oportunidade de se divertir com isso. E, como qualquer boa banda, mais do que fazer música, a missão era criar uma metáfora sonora para o caos da existência.

Os membros da banda, que tinham egos tão grandes quanto o espaço subterrâneo das catacumbas que inspiraram o nome, começaram a explorar o som com a convicção de quem sabe que nada faz sentido, mas que, no entanto, continuar a tocar era a única forma de desafiar o absurdo da vida. Durante anos, eles foram alimentados por riffs ácidos e um ceticismo profundo pela humanidade, enquanto o resto do mundo pensava que a vida era sobre encontrar sentido em cada esquina. Eles sabiam que o sentido estava nas catacumbas, no escuro e no silêncio. Ou então, talvez estivessem apenas a fazer isso para se distrair da inevitabilidade de ser humano.

Após uma série de tournées que mais pareciam desculpas para escapar da realidade do que qualquer outra coisa, Beneath Paris finalmente decidiu lançar o seu primeiro álbum. E que álbum! Ou melhor, a primeira edição demo do álbum – uma edição demo, claro, porque nada grita "rock alternativo" como lançar algo incompleto, esquisito e meio feito às pressas. Quem precisa de uma produção impecável quando se tem catacumbas e sarcasmo como base? A ideia de lançar uma "demo" não era só uma forma de deixar claro que o álbum não estava completamente pronto, mas também uma forma de rir da nossa própria incapacidade de ser perfeccionista. Porque, vamos ser honestos, quem precisa de perfeição quando se pode ter guitarras desafinadas e baterias que mais parecem um ataque de pânico?

E, claro, o nome do álbum? Nuclearation. Pode ser uma referência ao fim do mundo? Talvez. Ou talvez apenas uma forma de soar grandioso e apocalíptico – como aqueles filmes de ficção científica que vemos à noite para tentar entender como chegámos até aqui. As letras? Uma reflexão profunda sobre a inutilidade da vida moderna, com uma boa dose de sarcasmo, porque não há melhor forma de lidar com o absurdo do que rir dele.

Agora, sobre a sociedade. Ah, a sociedade. Beneath Paris, com a sua visão existencialista e uma certa ironia sobre a nossa civilização, não poupou críticas. "Sociedade? A que vive nas redes sociais ou a que se afoga na busca por aprovação?" – perguntariam, com aquele sorriso irónico que só quem vê o mundo de baixo para cima sabe dar. Porque, sejamos sinceros, a sociedade é uma máquina. E, como toda boa máquina, tem peças a falhar por todo o lado. Mas o que fazer quando a única resposta é tocar guitarra e fazer piada disso? Não, obrigado, não há soluções. Só riffs.

Nuclearation não é apenas um álbum. É uma viagem subterrânea pela desilusão e pelo absurdo da vida. Entre solos de guitarra e um som que se recusa a ser limpo ou polido, Beneath Paris oferece uma reflexão sarcástica sobre o que somos e para onde estamos a ir. O futuro? Ah, o futuro. Não é brilhante, mas pelo menos tem boas músicas para acompanhar o col

No labirinto infinito existe o portal da criação.